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Macacos com risco extremo de extinção serão protegidos pela UFV

O desmatamento e a febre amarela, que dizimaram milhares de macacos, em 2017, no Brasil, praticamente extinguiram o Sagui-da-serra ou Sagui-da-taquara (Callithrix flaviceps). Este pequeno animal que vive na Mata Atlântica, juntamente com outras três espécies, acabou de entrar para a lista internacional de primatas em sério risco de extinção. Para tentar salvar a espécie, a boa notícia é que os Saguis-da-serra serão trazidos para reprodução assistida na UFV.

A lista com as espécies mais ameaçadas no mundo foi elaborada no início do ano por um grupo de pesquisadores e divulgada, em agosto, durante o Congresso Brasileiro de Primatologia, realizado no Mato Grosso. Estes pesquisadores se reúnem periodicamente para definir as 25 espécies que correm risco iminente de desaparecer da face da terra.

O professor Fabiano de Melo, do Departamento de Engenharia Florestal, é um dos pesquisadores que assinam os artigos que embasam a chamada Red List, que acende o sinal vermelho para a perda de espécies de primatas. Entre elas, quatro são brasileiras e duas ocorrem na região Sudeste. Fabiano é também um dos coordenadores do grupo de especialistas neste tema das regiões do Brasil e Guianas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Na lista, estão o Bugio-ruivo (Alouatta guariba), típico da Mata Atlântica, e o Macaco-caiarara (Cebus kaapori), que ocorre em alguns trechos de floresta Amazônica, além do recém-descoberto Zogue-zogue do Mato Grosso (Plecturocebus grovesi). Entre os mais ameaçados, os Saguis talvez sejam os mais sensíveis e carentes de cuidados. “Eles habitam matas muito devastadas na região serrana do Espírito Santo e ao longo da bacia do rio Doce. Por isso, a população é muito pequena e sofre um processo severo de hibridação com outras espécies invasoras, fazendo com que a genética original deles seja extinta rapidamente”, explica o professor.

Quando uma espécie desaparece, o mundo todo perde com a redução da complexidade dos ecossistemas. Há quedas expressivas nas interações ecológicas, nos processos evolutivos e nos serviços ecossistêmicos. O professor Fabiano comenta que os primatas são predadores de insetos e, ao se alimentarem, controlam algumas pragas. “Como são bons dispersores de sementes, ajudam no plantio e na manutenção das florestas; daí a importância da preservação”.

O pesquisador explica ainda que o Brasil é um dos quatro países, incluindo também Madagascar, Indonésia e República Democrática do Congo, que são criticamente importantes para a conservação de macacos em uma perspectiva global. Essas quatro nações abrigam 67% das 510 espécies de primatas do mundo, incluindo 230 que não são encontradas em nenhum outro lugar.

Agora, a equipe do professor Fabiano tem a intenção de visitar as matas onde os Saguis-da-serra ainda resistem para buscar nelas pelo menos 10 casais reprodutores. Eles serão levados para o Centro de Conservação dos Saguis-da-Serra, um espaço criado na UFV, em 2021, justamente para proteger espécies de macacos que se encontram ameaçadas. Lá, serão acompanhados para que se reproduzam mantendo as características genéticas originais.

A expectativa é que, em três anos, os filhotes também procriem para que sejam devolvidos às matas. O mesmo foi feito em 2021, quando os pesquisadores do Departamento de Engenharia Florestal cuidaram da reprodução da espécie Sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), também conhecida como “aurita”, que é endêmica da região de Viçosa. Se haverá matas sem tantas queimadas e devastação para recebê-los, aí já é outra história.

Divulgação Institucional UFV

Sagui-da-serra (Foto: Sarisha Trindade)


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